A Fazenda Bosque Defumado Apresenta: Uma História de Véu de Inverno — Parte 4
A Fazenda Bosque Defumado Apresenta: Uma Apresentação da Fazenda Bosque Defumado de "Uma História de Véu de Inverno", trazida até você pelo Bolo de Frutas com Carne Moída de Gracco — preservado desde sabe lá quando! "Aquela que controla o bolo de frutas controla o mundo!" Narrada por Guccie "Dindim" Goubel, da própria Fazenda Bosque Defumado.
Vocês se lembram de mim, não é? Agora nós já somos grandes amigos. Eu sou Guccie "Dindim" Goubel, da Fazenda Bosque Defumado, trazendo até você a história de como um financista morto-vivo pão-duro chamado Atanásio Lunfas acordou e sentiu o cheiro (bom, mais ou menos) relaxante do Chá Verde de Jardim da Fazenda Bosque Defumado.
Lunfas estava começando a ficar irritado com as interrupções contínuas em sua véspera de Véu de Inverno. Sua maneira tradicional de passar a data relaxando com ouro tinha sido estragada por espíritos. Ele pensou em tomar um Drinque Borbulhante de Bondebico para ajudar a adormecer, mas ainda faltava aparecer o último espírito, e Lunfas tinha medo de passar mal com a bebida durante o teleporte. Quando o último espírito partisse, estaria livre para se deleitar com o brilho do seu rico ourinho resplandecendo diante da lareira.
Lunfas se embalava com o barulhinho metálico ritmado de empilhar moedinhas quando ouviu um sussurro estranho. Ele estava acostumado com os sons serem um pouco abafados. Seus sentidos não eram mais os mesmos depois de, tipo, morrer. E aí desmorrer. Ouvi dizer que é uma experiência bem desconcertante. Um dia você está morto, daí no outro você não está morto mas também não está vivo... enfim, tinha algo meio familiar naquele som abafado.
Lunfas olhou para a janela do quarto e discerniu um vulto envolto em luz prateada. Os estranhos sussurros pareciam colear à sua volta, ecoando e reverberando em sua mente. Ele apertou os olhos na direção da luz forte para melhor focalizar o vulto.
Se Lunfas pudesse suspirar, ele o teria feito. Aquele espírito ele conhecia bem. Todos em Azeroth já tinham visto um Anjo da Cura — alguns bem mais que outros. Ele devia estar entre os 95 por cento.
O Anjo não disse nada ao entrar no cômodo, nem recomendou nenhuma das delícias festivas da Fazenda Bosque Defumado (como a Roda de Queijo de Festa). Olha, eu não sei nem por que é que a gente ainda mantém ela na equipe.
— Você... é o espírito dos Véus de Inverno futuros? — gaguejou Lunfas ao se lembrar da primeira vez em que morreu, antes de se tornar um Renegado. Os ecos dos gritos do Sacerdote do seu grupo, algo como "NÃO FIQUE NO FOGO!" e "USE SUA PEDRA DE VIDA!", ainda o assombravam.
Lunfas sacudiu a cabeça para tentar afastar a lembrança e duas moedas de prata e um algodãozinho de sujeira caíram dos seus ouvidos. Ele recolheu as duas moedas e a sujeirinha, porque odiava desperdício, e enfiou tudo de novo no ouvido (com mais uma sujeirinha extra que estava no chão — juros acumulados!).
Ele voltou a se concentrar no espírito que tinha diante de si. Ela (era um Anjo da Cura mulher) aquiesceu com a cabeça — ou pelo menos foi o que Lunfas achou. Era difícil ter certeza, pois a imagem oscilava, esvanecendo e ficando mais forte.
E então, de repente, Lunfas foi arrebatado através do tempo e do espaço outra vez. No instante seguinte, ele e o espírito estavam diante de Madame Goya e de sua equipe, que pareciam estar vistoriando alguma nova aquisição para a Casa de Leilões do Mercado Negro.

— O que temos aqui? — perguntou Madame Goya.
— Um chapéu, algumas chaves velhas, um Caixote Selvagem de Itens de Batalha, algumas montarias e roupas de cama usadas.
Madame Goya ficou parada pensando.
Lunfas percebeu que os objetos eram familiares. As chaves velhas ficavam em seu chaveiro, mas ele as tinha perdido há alguns anos. As roupas de cama também pareciam familiares, mas o chapéu... foi o chapéu que realmente chamou sua atenção.
— Anjo, aquele é o meu chapéu? Alguém roubou meu chapéu! Foi um Ladino? Eu odeio Ladinos. Gente que tudo pra eles é "olha a faca!". Eu quero meu chapéu de volta agora!
Mas o Anjo apenas pairava no ar, olhando para ele. Aqueles sussurros eram meio exasperantes.
— Vamos vender tudo — disse Goya. — Olha, coloquem naqueles caixotes de "sem dono" que andam vendendo bem. Nunca se sabe quanto pode render. Além disso, o velho Lunfas não vai mais precisar disso onde ele está agora.
Se Lunfas ainda pudesse sentir frio, teria sentido um calafrio tão profundo que chegaria até sua alma... E falando em calafrio, por que você não aquece sua alma com outro produto bacana da Fazenda Bosque Defumado, os orgulhosos patrocinadores deste Véu de Inverno?
Leve um Gatinho Borralheiro para casa neste Véu de Inverno! Ele vai aquecer seu coração e sua casa também, mas não se preocupe: ele vem com seguro contra incêndio. Compre este maluquinho agora mesmoe aqueça os corações dos seus entes queridos neste Véu de Inverno.
Agora voltamos para Lunfas, que certamente tinha mais perguntas a fazer ao Anjo, que por sua vez não estava pra muita conversa.
Lunfas não ficou nada feliz com o que tinha testemunhado aquele dia. Infelizmente nosso último espírito estava com dificuldades para passar a mais importante mensagem deste período de festas: "Fazenda Bosque Defumado — compre nossos produtos, senããão..." A gente gostou muito desse slogan. Espere só até você ouvir o jingle. Você vai adorar!
Mais uma vez, a cena mudou ao redor de Lunfas. Agora, em vez da Casa de Leilões, ele estava em um cemitério. — Espírito — disse ele. — O que estamos fazendo aqui? Eu sou um Renegado, não posso morrer mais do que já morri. Quem é o infeliz que está aqui?
Ele olhou para o espírito, que apenas olhou de volta, sussurrando daquele jeito sinistro e flutuando no ar. Lunfas percebeu rapidamente que teria que descobrir a resposta sozinho, e assim começou a vagar pelo local, até que em certo momento topou com um nome conhecido em uma lápide e leu o epitáfio.
“Aqui jaz Oto Boapraça — seu coração era tão grande que um ogro comeu ele. Que seus restos deliciosos descansem em paz."
Lunfas sacudiu a cabeça com uma expressão mais de reprovação que de tristeza. — Arre. Na moleza de novo. Não tem problema, eu vou ressuscitá-lo e ele estará trabalhando rapidinho.
Ele se voltou para o Anjo da Cura. Se aquilo era para ser uma lição, dava pra ver que não estava dando muito certo.
— Olha, isso vai continuar a noite toda, é isso? — perguntou ele, sabendo que não teria resposta.
Como esperado, a única resposta foram mais sussurros sinistros. Lunfas decidiu andar mais um pouco pelo cemitério, e então topou com uma visão peculiar: uma lápide com o seu nome escrito, e um buraco aberto do tamanho de um caixão.

— É pra eu ficar com medinho? Você não pesquisou nada sobre mim antes de vir me atentar?
Ele olhou para o buraco e viu moedas de ouro manchadas junto com rótulos apodrecidos de produtos da Fazenda Bosque Defumado em volta de algo que parecia... ser seu próprio cadáver — agora imóvel e sem vida.
— Espera aí, como é que eu posso estar morto? Tem isso de morto-morto? Remorto? Não faz sentido. E o meu lindo e precioso ouro? Por que o meu corpo está coberto de rótulos de produtos da Fazenda Bosque Defumado? Por que eu ainda fico fazendo perguntas quando sei que você não vai responder nada?
Suas perguntas tiveram como resposta apenas um "vuuuuush!" de sons e cores, e então ele se viu de volta na cama..




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